quinta-feira, 24 de março de 2011

Onu diz que indices de radiação diminui em usina nuclear no Japão

Dados japoneses indicam que os índices de radioatividade caíram drasticamente na usina nuclear mais danificada pelo terremoto e o tsunami da semana passada, disse a agência nuclear da ONU nesta terça-feira.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), um índice de radiação de 11,9 milisieverts (mSv) por hora foi observado no portão principal da usina nuclear de Fukushima, na noite de segunda-feira (horário de Brasília). Seis horas depois, o índice caiu para 0,6 milisieverts, segundo comunicado da agência sediada em Viena. A AIEA usa a unidade para medir doses de radiação recebida pelas pessoas. A exposição a mais de 100 milisieverts por ano já pode levar ao câncer, segundo a Associação Nuclear Mundial.





O primeiro-ministro Naoto Kan pediu que as pessoas não saiam de casa num raio de 30km em torno da usina - área onde vivem 140 mil moradores. Essa é a mais grave crise nuclear no planeta desde o acidente na usina de Chernobil, na Ucrânia, em 1986.

Cerca de oito horas após as explosões, a Organização Meteorológica Mundial disse que os ventos estavam dispersando o material radiativo sobre o oceano Pacífico, longe do Japão e de outros países asiáticos. Mas a agência meteorológica da ONU acrescentou que as condições meteorológicas podem mudar.



O acidente nuclear - causado por um terremoto e por um subsequente tsunami, na sexta-feira - agrava as preocupações com o impacto econômico das sucessivas tragédias. As ações de empresas japonesas chegaram a cair até 14%, mas fecharam a terça-feira em baixa de 9,5%. Na véspera, a queda já havia sido de 7,5%o, e os dois dias de quedas representam a retirada de US$ 620 bilhões do mercado.

Os níveis de radiação na cidade de Maebashi, 100 km a norte de Tóquio, e na província de Chiba, perto da cidade, são até dez vezes superiores aos níveis normais, segundo a agência de notícias Kyodo.

Na capital são registrados apenas níveis mínimos, que segundo as autoridades municipais até agora 'não são um problema'.

Em um sombrio pronunciamento à nação, Kan disse que 'a possibilidade de vazamento radioativo ainda está aumentando'. 'Estamos fazendo todos os esforços para evitar que o vazamento se propague. Sei que as pessoas estão muito preocupadas, mas eu gostaria de pedir que ajam com calma.'

Dois reatores da usina Fukushima Daiichi registraram explosões na terça-feira, após vários dias de esforços frenéticos para resfriá-los. A agência Kyodo disse que a piscina de resfriamento de combustível nuclear no reator número 4 pode estar fervendo, o que sugere que a crise está longe de terminar na central nuclear, que fica 240 km ao norte de Tóquio.

A empresa que opera a usina retirou 750 trabalhadores do local, restando apenas 50, e o sobrevoo de aeronaves foi proibido num raio de 30 km em torno da usina.

'O material radioativo chegará a Tóquio, mas não é prejudicial ao corpo humano, porque ele será dissipado no momento em que chegar a Tóquio', disse Koji Yamazaki, professor de ciências ambientais na Universidade de Hokkaido. 'Se o vento ficar mais forte, isso significa que o material voará mais rápido, mas será ainda mais dispersado no ar.'

Apesar dos pedidos de calma, os moradores correram para se abastecer no comércio de Tóquio. A Dom Quixote, loja de departamentos que funciona 24 horas por dia, no bairro de Roppongi, esgotou seu estoque de rádios, lanternas, velas e sacos de dormir.

Num sinal de receio com a radiação, a China disse que vai retirar seus cidadãos das áreas mais afetadas, mas que não detectou nenhum nível anormal de radiação em seu território. A Air China decidiu cancelar voos para Tóquio.

Várias embaixadas aconselharam seus funcionários e cidadãos a abandonarem as zonas afetadas. Turistas abreviaram suas férias, e empresas multinacionais orientaram seu pessoal a partir, ou cogitam se transferir para fora de Tóquio.



*Com informações das agências internacionais

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